O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias da Construção Civil de Angra dos Reis e Paraty (Sticpar) informou que 1.125 trabalhadores envolvidos na construção civil da usina nuclear de Angra 3, na Costa Verde do Rio de Janeiro, foram demitidos. Segundo o Sticpar, o órgão foi notificado na quarta-feira (7) sobre os desligamentos e o motivo seria falta de verba para continuação dos serviços.
As usinas de Angra dos Reis são operadas pela Eletrobras Eletronuclear, e a construção civil de Angra 3 é de responsabilidade da construtora Andrade Gutierrez. Os desligamentos começam menos de 10 dias depois da Eletronuclear anunciar, em 28 de setembro, a suspensão temporária dos contratos relativos à construção da nova usina, inclusive o da Andrade Gutierrez.
O Sticpar disse que a construtora enviou um documento que dizia que 1.125 demissões precisam ser homologadas. Necessitam de homologação os desligamentos de funcionários com pelo menos um ano no cargo.
"Ela [Andrade Gutierrez] tinha em torno de 2.000 trabalhadores. Todos os 2.000, com exceção de uns 5%, que eles [da Eletronuclear] falam que vão ficar, vão ser demitidos", disse o vice-presidente do Sticpar, Carlos Silva. "Até agora foram 71 homologações, mas um número bem maior foi mandado embora".
De acordo com Carlos, o sindicato tentou acordos, como férias coletivas e a garantia, no caso de demissão, de que os dispensados fossem os primeiros a serem contratados quando a obra fosse retomada, mas não teve sucesso e que não "está vendo uma luz no fim do túnel quanto a isso".
O vice-presidente acredita que a paralisação da obras e consequente atraso pode resultar em um novo adiamento da entrega de Angra 3. Ela estava prevista inicialmente para este ano de 2015 e depois foi adiada para 2018.
"A informação que a gente teve é que pediram lá mais dois anos, ou seja, vai para 2020. A gente acredita que esse é o prazo que a obra deve ficar paralisada", comentou Carlos Silva. Ele lembra que não apenas funcionários da Andrade Gutierrez, mas também de empreiteiras, serão dispensados.
O G1 entrou em contato com a construtora Andrade Gutierrez, que disse através da assessoria de imprensa que "a empresa não vai comentar" o assunto. O G1 também entrou em contato com a Eletronuclear e a Eletrobras, que não se pronunciaram até o início da tarde desta quinta-feira (8).
Os contratos firmados por empreiteiras com a Eletronuclear, que é instituição de economia mista, cujo controle acionário é da União, foram foco da 16ª fase da Lava Jato, deflagrada no dia 28 de julho. A operação apura fraude na licitação para obras de Angra 3, que foi vencida pelo Consórcio Angramon, formado por um grupo de empreiteiras, entre elas a Andrade Gutierrez.
Segundo as investigações, houve restrição à concorrência por parte Eletronuclear, levando o consórcio a sair vitorioso. Nesta fase da operação, foram presos o diretor-presidente licenciado da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva e o executivo da empreiteira Andrade Gutierrez Flávio David Barra.
Suspensão de contratos de Angra 3
O prazo inicial de suspensão é de 90 dias, podendo ser prorrogado para até 120. A justificativa apontada é "de situação excepcional".
"A Eletronuclear decidiu pela suspensão, pelo prazo de 90 (noventa) dias, podendo ser
prorrogada para até 120 (cento e vinte) dias, do contrato firmado com a Construtora Andrade Gutierrez, para a execução das obras civis de Angra 3, contados a partir da notificação formal a ser feita à referida contratada e suspensão temporária dos contratos relativos à construção da Usina Angra 3, pelo prazo de 90 (noventa) dias, podendo ser prorrogada para até 120 (cento e vinte) dias", diz o comunicado divulgado em setembro.
"A suspensão dos contratos em referência, por decisão da Eletronuclear, não implica em qualquer deliberação ou anuência futura a respeito dos supramencionados contratos. É, tão somente, medida temporária que se justifica diante de situação excepcional".
Fonte: G1
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