Três viaturas da Polícia Militar, com policiais fardados, e homens à paisana que também se identificaram como policiais, deram suporte ontem (11) à tarde à invasão de um motel na divisa de Volta Redonda com Barra Mansa, onde estava, com outro homem, a mulher de um empresário de Barra Mansa. O empresário Laci Mendonça, de 50 anos, flagrou a mulher dele, Clarice Copelli, 30, com o amante Arlen de Freitas. A mulher teria sido agredida pelo empresário, que foi contido pelos PMs. O empresário é dono da Joalheria Mendonça, que tem loja em Barra Mansa e em Volta Redonda.
Embora adultério não seja crime pelo Código Penal atual, a ação desesperada do marido traído contou com um inédito acompanhamento de seis policiais fardados e sete homens paisanos que se diziam policiais. Um deles entrou pela porta lateral de serviços administrativos do motel, dizendo ser da polícia, e abriu caminho para a entrada de mais homens, que revistaram as garagens. Há informações de que alguns dos invasores fazem a segurança da joalheria do empresário.
Quando o carro do amante foi encontrado, foi dado o alerta. O marido, o advogado Aluisio Teles e os PMs fardados - que até então se encontravam concentrados do lado de fora - entraram no motel pulando a cancela do portão de saída. A porta do quarto foi arrombada e entraram o marido, os policiais e dois filhos do primeiro casamento do empresário. Um dos filhos filmou a invasão, inclusive a mulher nua tentando se envolver em um lençol, enquanto gritava em desespero.
O marido partiu para a agressão contra a mulher, até ser contido pelos PMs fardados. O amante levou um soco no nariz. O marido teve a camisa rasgada e arranhões no peito. Todos foram levados à 90 DP (Barra Mansa). Porém, antes de o delegado dar início ao procedimento criminal, os três foram medicados num hospital da cidade.
Segundo testemunha, a intenção do acusado é conseguir provas contra a mulher para ficar com os dois filhos do casal, um menino de 3 anos e um bebê de 8 meses.
- Laci chamou a polícia e a imprensa para registrar o fato porque tinha de ter argumentos para apresentar na Justiça, já que ele sabe que adultério não é mais considerado crime - disse uma testemunha.
O
DIÁRIO DO VALE acompanhou de perto a invasão do motel. O jornal foi avisado, uma hora antes, por uma pessoa ligada a Laci, de que ele iria ao motel flagrar a mulher em adultério e queria a presença do
DIÁRIO DO VALE, ressaltando que a reportagem seria de interesse público porque o bebê de 8 meses do casal poderia também estar no local.
Não havia, no entanto, nenhum bebê e nem ele foi mais mencionado durante todo o episódio.
Na cobertura da invasão do motel, o
DIÁRIO DO VALE se absteve de fotografar a mulher, o amante ou mesmo o marido ou entrevistar qualquer um dos três naquele momento. O caso, por sinal, só ganhou a dimensão de notícia em virtude da participação de policiais em um episódio de natureza particular que toca na questão do direito à privacidade.
O dono do motel esteve na delegacia, mas não informou se registraria queixa. Na saída da DP, ele disse ao
DIÁRIO DO VALE que ainda iria pensar sobre o assunto.
Paulo Dimas |
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Delegado diz que deve indiciar empresário por lesão corporal
Até por volta das 20h de ontem, o delegado da 90ª DP (Barra Mansa), Ronaldo Aparecido Ferreira, analisava o caso do empresário, mas afirmou que estava pensando em instaurar inquérito por lesão corporal. No final da tarde de ontem, o dono do motel também esteve na delegacia, mas declarou ao
DIÁRIO DO VALE que estava pensando se representaria criminalmente contra o empresário, por invasão de domicílio.
- Primeiro vou até o motel saber se ocorreu algum dano no interior do estabelecimento - disse.
Porém, até o início da noite de ontem, o dono do motel não havia retornado à delegacia.
O primeiro a ser ouvido pelo delegado foi Arlen de Freitas. No depoimento, ele afirmou que o quarto em que estava com Clarice foi invadido pelo empresário, pelos dois filhos do primeiro casamento de Laci, e outros dois "homens fortes", além do advogado Aloísio Perez. Ele disse que foi agredido a socos e pontapés por Laci e pelos dois homens, que ele acredita serem seguranças do empresário.
Em entrevista ao
DIÁRIO DO VALE, o advogado negou que tenha entrado no quarto. O sargento-PM Inocêncio também negou que policiais militares tenham invadido o estabelecimento. Ele explicou que é vizinho de Laci, no bairro Cidade Nova, em Volta Redonda. Segundo o sargento, o empresário telefonou para ele informando que a mulher estava no motel, "e que ia fazer uma besteira".
- Como já conheço ele (Laci) há muito tempo fui até o local, e quando cheguei constatei o tumulto já formado com a mulher enrolada em um lençol e o rapaz (Arlen) sentado no chão. Pedi ajuda a policiais militares, que chegaram ao local: Nós (policiais) fomos ao local para evitar um mal maior - falou.
Empresário afirma que foi agredido pelo amante
Laci Mendonça disse ter sido vítima de agressão e não o agressor. Segundo ele, quando entrou no quarto do motel, foi agredido fisicamente por Arlen. O empresário afirmou que foi agredido também por Clarice. Laci explicou que um dos seus filhos ficou assustado com a reação do casal, saiu do quarto e chamou um outro irmão dele.
- Veio também o secretário que trabalha comigo lá na loja e, junto com meus filhos, conseguiram apartar a briga - falou Laci.
Ele explicou que não teve intenção de denegrir a imagem da mulher e que foi ao motel porque recebeu um telefonema anônimo.
- Quando cheguei ao motel, deparei com o carro do Arlen. A partir daí, passei a ligar para todo mundo e pedi para meus conhecidos irem para lá me ajudar. Entrei no estabelecimento junto com o meu filho, que chegou primeiro, e deparei com minha mulher no quarto. Já o conhecia de vista e desconfiava dele com Clarice. Hoje (ontem), comprovei o fato. Jamais iria denegrir a imagem de minha esposa. Agora: ex-esposa - disse.
Laci confirmou que pretende se separar de Clarice e lutar pela guarda dos filhos.
- Não tem mais possibilidade de convivência entre nós pelo que ela fez -afirmou.
Segundo ele, Clarice deixava os filhos com a babá para ir se encontrar com o amante, ou então levava Arlen para ter relações sexuais com ele na própria casa.
- Ela chegou a levar meu filho, de 8 meses, para o motel. Isso aconteceu há cerca de um mês. Acredito que eles estejam juntos há dois meses. Clarice fez com que todo mundo fosse cúmplice dela - afirmou.
E completou:
- Quando estávamos noivo, Clarice me traiu com um homem conhecido como Marcelo, que já até morreu.
Ele acrescentou que, mesmo assim, aceitou casar com Clarice, com "a intenção de que ela se redimisse".
Ele disse que não invadiu o motel e que os dois homens que estavam com ele não eram seguranças, mas pessoas que trabalham com ele.
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