Correio do Brasil
Por Redação, com agências internacionais - de Londres, Moscou, Pequim e São Paulo
O calendário maia encerra-se nesta sexta-feira, com o fim de uma era
O alinhamento planetário que os terráqueos começam a observar, sentir e participar, a partir desta quinta-feira, acontecerá entre esta sexta e o domingo, com seu ápice entre 11:16 hs e 11:26 hs da manha do dia 22 de Dezembro. O planeta Terra, a Lua e o Sol estarão alinhados com Alcyone, a estrela maior, o centro da nossa galáxia, a Via Láctea. Astrologicamente marca um momento especial por tratar-se de um evento que ocorre a cada 25 mil anos e encerra o calendário estruturado pela civilização Maia. Segundo um especialista ouvido pelo Correio do Brasil, “as energias planetárias se organizam especialmente, levando-nos a viver um momento cósmico onde uma extraordinária oportunidade estará disponível, para que muitos possam passar por uma iluminação. É esperado que milhões de almas se beneficiem desta oportunidade espiritual única”, afirmou a escritora britânica Diana Cooper, autora do livro livro Angel Answers.
Esta é a esperança de milhares de turistas que subiram uma montanha com forma de pirâmide na região sudeste da Sérvia. Segundo algumas testemunhas, o local emite ondas eletromagnéticas benéficas. A região da montanha Rtanj, de 1.570 metros de altura, “não tem mais quartos vagos”, afirmou à agência francesa de notícias AFP Nebojsa Gajic, gerente do hotel Rtanj, um dos poucos da região.
– Temos 30% a mais de turistas que nos anos anteriores. Talvez pela história do fim do mundo, mas também por um seminário marcado para 20 de dezembro. Muitas pessoas ligaram e suplicaram por um quarto para que pudessem sobreviver – relata Gajic.
Além dos turistas tradicionais sérvios, muitos europeus viajaram para a região.
– Nunca tivemos tantos estrangeiros nesta época do ano – afirmou Marina Zikic, secretária de Turismo de Boljevac, município onde fica Rtanj. Zikic destacou, no entanto, que grande parte das reservas dos hotéis foi motivada pelo seminário “Espírito de Rtanj”, que reúne cientistas de diferentes orientações atraídos pela insólita geografia do local.
Desespero na China
A despedida do mundo, no entanto, é mais tumultuada na China. Quase mil integrantes da seita Deus Todo-poderoso, que prega o fim do mundo em 21 de dezembro em coincidência com a suposta profecia maia, foram detidos em várias províncias chinesas. Ao todo, mais de 400 detenções foram anunciadas na véspera pelas autoridades da província de Qinghai (noroeste), 357 integrantes da seita foram investigados e detidos na província pobre de Guizhou (sudoeste).
No Cantão (sul da China) outros 27 membros da seita foram detidos na cidade de Foshan. Em Wuxi, foram registradas dezenas de detenções, assim como na Mongólia Interior (norte), em Jiangxi e Fujian (sudeste) e em Xinjiang (noroeste). O grupo Deus Todo-poderoso, fundado no início dos anos 1990 na província central de Henan, foi incluído na lista de seitas proibidas em 1995 e seu fundador, Zhao Weishan, fugiu para os Estados Unidos. Esta seita também fez um pedido a seus adoradores para derrubar o Partido Comunista chinês, a quem chama de “grande dragão vermelho”, e promete aos seus fiéis uma nova era dirigida por um Cristo feminino.
As ideias de apocalipse aumentaram na China depois do sucesso do filme “2012″, em parte inspirado pela suposta profecia vinculada ao fim do mundo pelo calendário maia.
Em segurança
Para quem preferir ver o fim do calendário maia na França, as autoridades daquele país prepararam um esquema especial para impedir a superlotação de um pequeno vilarejo que, segundo líderes de grupos esotéricos, oferece a salvação nesta sexta-feira. A fama da cidade de Bugarach, no sudoeste do país, como centro “místico” e “mágico”, aumentou nos últimos anos, graças à imprensa e à ação de grupos esotéricos na internet.
Muitos sites circulam, há anos, boatos sobre o vilarejo, que fica na encosta de uma montanha com o mesmo nome. O local seria “um estacionamento de ovnis (objetos voadores não identificados)”, um local “sagrado” que ofereceria refúgio para quem quisesse escapar do “apocalipse” de 21 de dezembro. Essa data, segundo profecia baseada em interpretações do calendário maia, marcaria o fim de uma era de 5 mil anos – para alguns, o “fim do mundo”.
Em entrevista à agência britânica BBC, porém, Éric Freysselinard, secretário de segurança pública da região do Aude, onde fica Bugarach, afirma que “essas histórias de extraterrestres e de apocalipse não têm nenhum fundamento”.
– Vai fazer frio, chover e não vai acontecer nada ali. Por razões de segurança, vamos bloquear os acessos ao vilarejo se houver muita gente – disse ele.
Freysselinard, que quer evitar a entrada de grupos de “pessoas agitadas” (fanáticas) em Bugarach, afirmou que irá adaptar o esquema de segurança em função da evolução da situação “e do comportamento dos visitantes”. Uma centena de policiais e bombeiros, foram deslocados para a cidade na última quarta-feira, como parte das medidas de segurança, que ficarão em vigor até o dia 23 deste mês.
Os policiais ergueram barreiras nas estradas ao redor para controlar o fluxo de veículos. O camping local ficará fechado no período e passeios na montanha estão proibidos, como também a realização de festividades nas ruas. O acesso ao pico da montanha de Bugarach, com 1,2 mil metros de altura, também está proibido. Não será possível nem sobrevoá-lo até o dia 23. Apenas os moradores, que receberam um passe, e pessoas autorizadas podem circular livremente pelo vilarejo.
Conversa fiada
Presidente da Rússia, o ex-agente do serviço secreto (KGB, na sigla em russo) Vladimir Putin faz pouco de toda essa movimentação. Ele afirmou, nesta quinta-feira, que o fim do mundo irá ocorrer, sim, mas em 4,5 bilhões de anos, e não no dia 21 de dezembro, porque “é o funcionamento de nosso sol”. No entanto, disse que não tem medo do momento no qual “o reator se apagará e tudo terá terminado”.
– Por que ter medo se é inevitável? – questionou o presidente russo.
A data, na América Central e no México, será celebrada no dia 21 de dezembro como o fim de uma grande era no calendário maia. Nesta sexta-feira, muita gente vai olhar para o céu e pensar:
– Os maias estavam enganados!.
Essas pessoas não sabem, mas estarão imitando um ritual diário protagonizado centenas de anos atrás por indivíduos de uma das civilizações mais sábias que já habitaram o planeta Terra. Os maias eram fascinados pelas estrelas. Sem telescópios, sustentavam os estudos em observações a olho nu. Mesmo assim, obtiveram desempenho notável em descrever as posições do Sol, da Lua, de Marte e Vênus. Tanto é que o propalado calendário maia – na verdade, uma conjunção de calendários diferentes, interligados e cíclicos – é muito preciso, embora não se contasse com instrumentos científicos utilizados hoje.
Um ciclo termina nesta sexta-feira. E outro começa imediatamente: “O tempo para eles era cíclico, portanto nada mais natural do que acabar um e começar outros”, explica o historiador Vinícius de Lima Borba.
– A crença ainda via essa troca de calendário como uma troca de ‘humanidade’ – daí dizer que a nossa vai acabar para começar outra – concluiu, sobre o calendário Maia.