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sexta-feira, 20 de abril de 2012

Flora migra para viver - Thais de Luna‏

Do blog CONTEÚDO LIVRE

Pesquisa com participação de brasileiro e publicada na Science mostra que plantas buscam altitude maior para sobreviverem na Europa devido ao aquecimento global
Thais de Luna
Imagens mostram região da Grécia quase deserta no verão e espécies que migraram para áreas mais altas
Brasília – Adaptação: essa é a palavra de ordem na luta das espécies pela sobrevivência ao longo do tempo, especialmente em época de mudanças climáticas intensas. Uma pesquisa publicada na edição de hoje da revista Science mostra que, na batalha pela vida, plantas de regiões montanhosas da Europa estão “mudando de endereço”, deixando os locais baixos e surgindo em altitudes cada vez maiores, tudo para fugir do calor causado pelo aquecimento global. O processo ocorre com o transporte de sementes pelo vento e por animais, que encontram em lugares mais altos, as condições certas para germinar.
Segundo o estudo – feito por cientistas do projeto Global Observation Research Initiative in Alpine Environments (Gloria), que conta com a participação de um brasileiro –, a resposta das plantas nesses locais ao aumento da temperatura começou ainda no fim da chamada Pequena Idade do Gelo, em meados do século 19, mas ficou mais clara na última década.
Os pesquisadores estudaram o cume de 66 montanhas europeias entre 2001 e 2008 e notaram que o processo tem sido especialmente nocivo ao hábitat do Sul da Europa, porque ali as plantas naturais de lugares mais altos estão ficando mais escassas, provavelmente por não conseguirem lidar com as temperaturas mais elevadas e a umidade mais baixa. Em outras palavras, enquanto algumas espécies conseguem subir as montanhas em busca de climas mais frios, aquelas que já viviam em pontos altos não têm essa alternativa e, simplesmente, desaparecem.
“Nas localidades com maior altitude do Norte e do Centro da Europa, houve aumento da biodiversidade de aproximadamente 10%. Por outro lado, o topo das montanhas do Sul e do Mediterrâneo ficou 6% mais pobre em termos de biodiversidade vegetal”, descreve ao Estado de Minas o brasileiro Laszlo Nagy, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) e um dos autores da análise.
“No Sul e no Mediterrâneo, apesar do movimento de subida que também ocorreu, a diversidade de plantas caiu, especialmente nas montanhas mais baixas”, diz Harald Pauli, líder do estudo e pesquisador da Universidade de Viena, na Áustria. “O clima nesses ambientes é geralmente seco no verão, quando quase nenhuma chuva cai. O aquecimento recente e a queda da quantidade de neve fazem com que o degelo dos picos aconteça mais cedo. Por isso, as plantas que contam com a água da chuva ou do derretimento da neve sofrem muito com a seca”, lamenta.
Para se certificar de que são mesmo as mudanças climáticas que estão por trás do fenômeno, os pesquisadores se preocuparam em verificar a influência de outros fatores, o que não foi uma tarefa fácil, admitem. “Enfrentamos dificuldades para separar três sinais de mudanças: o aquecimento recente; a resposta das plantas à situação, ao colonizarem outros hábitats; e os efeitos da alteração do uso da terra, que podem levar a uma nova distribuição e quantidade de espécies”, enumera Nagy. No trabalho apresentado, os sinais apontam que o aumento da temperatura do planeta é o fator mais relevante para algumas plantas “subirem a serra” e conviverem com os vegetais que existiam anteriormente no local, já que o calor permitiu que elas se estabelecessem em altitudes mais elevadas, como na região dos Alpes e da Escandinávia.
De acordo com Pauli, a análise indica que a perda da biodiversidade nas nações mais quentes pode ocorrer mais rápido do que o esperado. “Algumas montanhas da Espanha, Itália e Grécia têm espécies da flora que não existem em nenhum outro lugar do planeta. Esses vegetais já vivem no topo das montanhas e podem ser ameaçados de extinção”, adverte. Para evitar danos ainda maiores, Nagy espera que os governos se comprometam, em cúpulas como a Rio+20, que ocorrerá em junho, no Brasil, a tomar medidas que reduzam os impactos da atividade humana sobre o meio ambiente.
efeitos diferentes Como foi comprovado no estudo, o efeito das mudanças climáticas é sentido de formas diversas pelas plantas, favorecendo algumas espécies, que ampliam suas áreas de colonização, e dizimando outras. “Tudo depende da capacidade de adaptação. Áreas de maior altitude têm temperatura mais baixa, especialmente no inverno, o que restringe a expansão da vegetação. Com as alterações no clima, pode ocorrer o fenômeno de colonização pelas plantas maiores das regiões mais acima de onde normalmente vivem”, afirma o especialista em botânica da Universidade Federal de Santa Catarina João de Deus.
No Brasil, pesquisas apontam que tais modificações na temperatura e na precipitação vão favorecer as plantas mais adaptadas ao clima de savana, como as do cerrado. “Com menos chuvas no Sudeste e no Sul, algumas espécies da mata atlântica são prejudicadas, enquanto as do cerrado têm mais possibilidade de se expandirem para novas áreas”, exemplifica. Desse modo, a tendência europeia pode vir a ser comprovada em outros continentes – exatamente o que desejam verificar os especialistas do Gloria em novas pesquisas.

O brasileiro Laszlo Nagy, durante o estudo: montanhas estão ficando mais pobres
Montanhas da Espanha, Itália e Grécia têm espécies da flora que não existem em nenhum outro lugar do planeta. Esses vegetais já vivem no topo das montanhas e podem ser ameaçados de extinção
Harald Pauli, líder do estudo e pesquisador da Universidade de Viena

Um comentário:

Anônimo disse...

Você vota na Cuca do Frade, o Dragão de Comodo do Robson de Moraes.kkkkkkkkkkkkk