Com uma serenidade pontuada por timidez e com frases bem construídas, aparentemente com nexo, Elizete Feitosa de Sousa (foto), 26, se mostrou em uma entrevista estar em seu pleno controle mental, até quando disse que ouvia vozes mandando que matasse seus dois filhos.
Na noite de domingo (21), no assentamento Califórnia, a 10 km de Açailândia (MA), Elizete degolou Jonas, 5, o caçula. O assentamento tem 13 anos e é administrado pelo MST. Açailândia tem cerca de 100 mil habitantes e fica a 600 km de São Luis.
“Eu premeditei”, disse Elizete.
Ela esperou o filho dormir, rezou de joelhos para Deus e o diabo e passou uma faca de cozinha no pescoço de Jonas. “Ele abriu os olhos e aí um pus mais força (na faca) para que não sofresse.”
A polícia ficou sabendo da morte do menino pelo agente funerário ao qual a família de Elizete tinha encomendado um caixão.
Elizete disse que na verdade teria de matar um vizinho que, entre outros, debochava dela quando ela pregava a palavra de Deus. Falou que, por isso, estava deprimida e triste e que se arrependeu de ter matado Jonas.
Ela cresceu em uma família evangélica. O seu vocabulário é repleto de palavras vindas de pregação de pastor. Além de Deus, ela falou na entrevista, por exemplo, em “inimigo” e “obra do diabo”.
Desde Freud se estuda as conexões entre as diversas formas de transtornos mentais e a religião.
Essas implicações são tão vastas, que o médico psiquiatra Francisco Lotufo Neto teve de delimitá-las na tese de livre-docência que apresentou em 1997 à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Para estudar a prevalência de transtornos mentais entre pastores evangélicos, ele separou as religiões tidas como saudáveis e maduras das consideradas prejudiciais ou patológicas, de acordo com as diferenças do quadro abaixo.
Pelo o estudo, as conversões com raízes patológicas ocorrem nas religiões não saudáveis, conforme um conjunto de características, entre as quais crença intensa e irracional; mais preocupação com a doutrina do que com os princípios éticos e morais; intolerância contra os que “se desviam”; proselitismo intolerante, que aliena em vez de atrair outros; e necessidade de martírio para provar a devoção.
O estudo incluiu uma pesquisa que obteve 207 retornos de um formulário enviado pelo correio a pastores. Do total dos participantes, 40 foram convidados para uma entrevista em uma escolha que se deu por sorteio.
A prevalência de transtornos mentais no mês que precedeu a entrevista foi de 12,5%. Esse percentual sobe para 47% quando foi considerado todo o período de vida dos participantes. Os principais diagnósticos foram: transtornos depressivos (16,4%), transtornos do sono (12,9%) e transtornos ansiosos (9,4%).
Na noite de domingo (21), no assentamento Califórnia, a 10 km de Açailândia (MA), Elizete degolou Jonas, 5, o caçula. O assentamento tem 13 anos e é administrado pelo MST. Açailândia tem cerca de 100 mil habitantes e fica a 600 km de São Luis.
“Eu premeditei”, disse Elizete.
Ela esperou o filho dormir, rezou de joelhos para Deus e o diabo e passou uma faca de cozinha no pescoço de Jonas. “Ele abriu os olhos e aí um pus mais força (na faca) para que não sofresse.”
A polícia ficou sabendo da morte do menino pelo agente funerário ao qual a família de Elizete tinha encomendado um caixão.
Elizete disse que na verdade teria de matar um vizinho que, entre outros, debochava dela quando ela pregava a palavra de Deus. Falou que, por isso, estava deprimida e triste e que se arrependeu de ter matado Jonas.
Ela cresceu em uma família evangélica. O seu vocabulário é repleto de palavras vindas de pregação de pastor. Além de Deus, ela falou na entrevista, por exemplo, em “inimigo” e “obra do diabo”.
Desde Freud se estuda as conexões entre as diversas formas de transtornos mentais e a religião.
Essas implicações são tão vastas, que o médico psiquiatra Francisco Lotufo Neto teve de delimitá-las na tese de livre-docência que apresentou em 1997 à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Para estudar a prevalência de transtornos mentais entre pastores evangélicos, ele separou as religiões tidas como saudáveis e maduras das consideradas prejudiciais ou patológicas, de acordo com as diferenças do quadro abaixo.
Pelo o estudo, as conversões com raízes patológicas ocorrem nas religiões não saudáveis, conforme um conjunto de características, entre as quais crença intensa e irracional; mais preocupação com a doutrina do que com os princípios éticos e morais; intolerância contra os que “se desviam”; proselitismo intolerante, que aliena em vez de atrair outros; e necessidade de martírio para provar a devoção.
O estudo incluiu uma pesquisa que obteve 207 retornos de um formulário enviado pelo correio a pastores. Do total dos participantes, 40 foram convidados para uma entrevista em uma escolha que se deu por sorteio.
A prevalência de transtornos mentais no mês que precedeu a entrevista foi de 12,5%. Esse percentual sobe para 47% quando foi considerado todo o período de vida dos participantes. Os principais diagnósticos foram: transtornos depressivos (16,4%), transtornos do sono (12,9%) e transtornos ansiosos (9,4%).
"Quando a coragem veio, eu passei a faca"
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